Alterações do virus da gripe

Pandemia da gripe A

Para que ocorra uma pandemia é necessário que surja um novo subtipo de virus da gripe A, para o qual a população humana tenha pouca ou nenhuma imunidade, que ele seja capaz de causar infecção, se replicar (multiplicar), causar doença e se transmitir eficaz e continuadamente entre seres humanos.
Acredita-se que na maioria dos casos a emergência desse novo subtipo de vírus, designada como “shift” antigénico, resulte da recombinação dos genes de um vírus da gripe A aviário com um vírus da gripe A humano que infectam simultaneamente uma mesma célula de um mesmo hospedeiro, dando origem a um vírus constituído pela mistura de partes de genes de ambos os vírus e com pelo menos uma hemaglutinina diferente da dos vírus em circulação nesse momento, mas que é já capaz de se ligar a receptores celulares humanos. Este fenómeno de recombinação é facilitada pelo facto de estes vírus possuírem um genoma segmentado e o porco é o hospedeiro intermediário onde habitualmente acontece, pois ele possui receptores nas suas células de revestimento da traqueia cujas características permitem a ligação tanto a vírus humanos como aviários.
Em alternativa, um novo subtipo de vírus da gripe A humano pode também originar-se directamente de um percursor aviário, que se adaptou ao hospedeiro humano por mutações sucessivas nos seus genes, sem nunca se recombinar com um vírus humano já em circulação. A análise do genoma do vírus da pandemia de 1918, recentemente sequenciado, sugere a hipótese de se ter originado desta forma, por evolução directa a partir de um vírus aviário. Este facto pode justificar também a maior virulência do agente da gripe espanhola, quando comparado com os vírus pandémicos de 1957 e 1968, originados por fenómenos de recombinação.

Alterações do vírus da gripe

Os dois antigénios de superfície do vírus da gripe A e B, a hemaglutinina e a neuraminidase, sofrem caracteristicamente alterações frequentes. Estas alterações são decorrentes de erros que surgem durante a replicação (multiplicação) vírica com consequente mutação pontual do genoma. Deste modo vai condicionar a produção de um vírus com uma proteína (ou antigénio) diferente da original, isto é, com alterações na sua sequência de aminoácidos. Esta alteração antigénica, designada como “drift” antigénico, pode ser mais ou menos importante quer em termos do desempenho desta nova estirpe de vírus, quer em permitir que ele escape à imunidade adquirida, ou seja, não sendo afectado pelos anticorpos neutralizantes, que aparecem após uma infecção anterior ou em resposta à vacinação. O aparecimento de estirpes de vírus anti-genicamente distintas das que já circulavam entre a população é responsável por desencadear epidemias de gripe sazonal mais intensas. Também justifica que se proceda à adequação da composição das vacinas contra a gripe, antes de cada época gripal, de acordo com as estripes de vírus circulantes na época anterior, e à sua administração anual às pessoas em risco.



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