História do tratamento com óleos essenciais

A história da cura com óleos essenciais tem sido muitas vezes contundida com a história da perfumaria ou herbalismo. A perfumaria é a utilização não medicinal das substâncias aromáticas, e o herbalismo é a utilização medicinal da planta completa.

O herbalismo e a perfumaria estão bastante enraizados nos rituais e costumes das antigas civilizações, enquanto a aromaterapia, que utiliza óleos essenciais destilados ou puros de forma terapêutica, é de criação relativamente recente. De facto, os óleos essenciais só ficaram disponíveis em quantidade depois de progressos nos métodos de destilação.

O termo aromaterapia foi forjado no início do século XX. Nos últimos anos a palavra aromatologia (tratada com mais detalhe no final deste artigo e em próximos artigos surgiu para dar mais ênfase à utilização medicinal e clínica da parte puramente aromática da planta: o óleo essencial. Por outro lado, os dois termos podem, de forma alargada, ser utilizados intermutavelmente.

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Tempos passados

É difícil saber se as referências das antigas escrituras à utilização de plantas aromáticas, tais como sândalo, gengibre, mirra e cálamo, indicam o óleo essencial ou a planta no seu todo. Mesmo quando encontramos menções às substância aromáticas, estas foram frequentemente extraídas através do uso de gorduras e ceras (tal como ilustrado nas pinturas egípcias de potes cheios de ungUentos aromáticos), e não seriam, por isso, puras.

A história do tratamento com óleos essenciais

O herbalismo estava espalhado pelas sociedades indiana, egípcia, grega e romana. Podemos ler as suas obras de referência, tais como De Matéria Medica, do século i, do físico romano Dioscórides, e o The Hoak ofHeaUng, no século X, do persa Avicena. Estes textos atestam as propriedades curativas das plantas, e não, necessariamente, dos óleos essenciais individuais.

Antes de Avicena a quem, também devemos o avanço mais significativo na destilação por vapor existiam formas rudimentares de destilação, mas eram utilizadas principalmente para extrair água de flores exóticas. O óleo essencial produzido era quase um subproduto sem interesse, visto as flores como a rosa e a neroli conterem minúsculas quantidades de óleo.

HERBALISMO

Da Idade Média ao Século XVI

Durante a Idade Média, o século XV o século XVI, o poder curativo das plantas era reconhecido, e praticava-se o herbalismo. Por toda a Europa, as plantas aromáticas eram cultivadas nos jardins dos mosteiros e das casas senhoriais. No século XIV, o conhecimento das propriedades curativas das plantas era prevalecente nas populações rurais durante a peste bubônica, ou Peste Negra, quando as plantas foram notadas pelo seu efeito anti-séptico. Em 1535, Grasse, no Sul da França, foi estabelecida como o centro do fabrico de perfumes, utilizando compostos químicos e óleos essenciais. Os perfumes já não eram considerados meios para ocultar os cheiros desagradáveis. Eram utilizados devido ao seu poder protector contra as doenças.

Contudo, o primeiro reconhecimento registado do potencial curativo dos óleos essenciais destilados, em oposição às ervas e plantas em geral, foi feito por um físico e alquimista suíço chamado Paracelso (1493-1541). Na obra The Great Surgery Book, ele argumenta que a tarefa da alquimia não é fazer ouro a partir de metais básicos, mas sim desenvolver remédios a partir das plantas. Ele via a destilação como meio de produção da quinta-essência, a «essência curativa» de uma planta.

Depois disto, encontramos a referência aos óleos essenciais nas farmacopeias oficiais da época. Óleos de alecrim, cedro–do-atlântico,junípero, sal vaealfazema eram conhecidos dos farmacêuticos do século XVII eram utilizados sobretudo pelas suas qualidades anti-séplicas.

Paracelso também foi importante para o elo de ligação estabelecido entre os óleos essenciais e a química. Hoje em dia, um conhecimento básico das propriedades químicas na­turais dos óleos essenciais e a sua ação é a chave para um trabalho curativo bem sucedido.

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O Século XX

No Século XX a ciência química começou a tornar-se muito popular. No mundo da medicina, as propriedades individuais das plantas foram isoladas, ou até mesmo sintetizadas, e utilizadas como fármacos. Na aromaterapia não separamos os componentes químicos individuais de um óleo essencial nem utilizamos óleos reconstituídos, teríamos, cada vez mais de pesquisar o valor terapêutico das centenas, ou mais, de diferentes químicos contidos em cada óleo, de forma a que possamos compreender qual o efeito que possa ter o óleo completo, quando utilizado num tratamento.

Alguns cientistas, sobretudo europeus, iniciaram este processo logo no início do século. O mais famoso foi René–Maurice Gattefossé, porque inventou o termoaroniaterapia. Também ficou conhecido por ter queimado seriamente o braço no seu laboratório, e pela descoberta que fez devido ao acidente. Diz-se que mergulhou o braço queimado numa tina de alfazema, porque era o único líquido frio que tinha à mão. A dor diminuiu tão significativamente, e a ferida cicatrizou tão depressa e quase sem deixar cicatriz, que ele se sentiu motivado a descobrir mais sobre as propriedades curativas dos óleos essenciais. De facto, ele e outros utilizaram os óleos essenciais em soldados feridos nas trincheiras durante a primeira guerra mundial.

Desde então, a aromaterapia tem sido utilizada grande­mente para fins medicinais em França, e alguns dos livros mais informativos foram escritos por médicos franceses. Entre estes encontram-se o Dr. Jean Valnet, com The Practice of Aromatherapy, e Aromathérapie exactement, de Pierre Franchomme, aromatologista, e Daniel Pénoél, um médico. O Dr. Pénoêl e outros médicos antes dele, receitaram óleos essenciais como parte integrante da medicina exercida. Algumas palestras do Dr. Pénoêl, nas quais ele mostrava diapositivos com resultados espantosos, até mesmo em casos de cancro avançados.

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A aromaterapia

Em Inglaterra, a aromaterapia teve início nos anos 50 com a indústria de cosmética de MarguerileMaury, uma Australiana. Ela interessava-se pela capacidade dos óleos essenciais em penetrar na pele e preservar a juventude. A sua utilização dos óleos essenciais para a cosmética em breve se estendeu aos salões de beleza, onde os esteticistas eram ensinados a dar uma massagem de aromaterapia para relaxe e tratamento da pele.

Este tipo de aromaterapia é hoje correntemente praticado em países como a Austrália. América. Canadá e na Escan­dinávia. Prefiro chamar-lhe uma massagem aromática para evitar a pretensão de uma terapia sugerida no termo aroma­terapia.

Os esteticistas não estão aptos a «tratar» qualquer situação médica e tendem a utilizar óleos já misturados. Cursos breves de aromaterapia raramente ensinam alguém a misturar óleos para utilização medicinal.

Aromatologia

Desde finais dos anos 80 que algumas escolas de formação começaram a ensinar aos terapeutas a ciência básica de me­dicina, química, física e botânica, necessárias para trabalhar terapéuticamente com os óleos essenciais. Tais terapeutas ou aromalologistas, bem como enfermeiras e parteiras altamente especializadas, trabalham actualmente com óleos essenciais em hospitais, hospícios e consultórios privados em todo o mundo.

Um aromatologista só utilizará óleos essenciais puros, destilados ou macerados, tendo como base um conhecimento científico, adquirido com o treino, das suas propriedades e efeitos.

É importante lembrar que, antes da destilação, os aromas foram extraídos, sobretudo através de solventes. Não são óleos essenciais, mas, juntamente com toda a planta, formam as origens do herbalismo e da perfumaria, de onde surgiu a aromaterapia. A sua história foi aqui resumida para pôr em contexto a história muito mais curta da cura com óleos essenciais, e também porque algumas das utilizações tradicionais de plantas apontam para muitos dos benefícios que têm sido validados na utilização terapêutica dos óleos essenciais nos nossos dias.



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