O pensamento como medicina

Possuímos em nosso cérebro, numa região conhecida como diencéfalo, a memória primata e animal, chamada de ID em psicologia. Transportamos, igualmente, em nossos genes, a necessidade da realização dos desejos, dos prazeres, da agressividade, e até o formato de nosso corpo, como instrumentos ou mecanismos de defesa para a nossa sobrevivência. Tentamos transferir ou sublimar, de alguma forma, nossos instintos para que possamos viver em sociedade, sem nos destruirmos. E é através de nossas profissões, praticando esportes e atos filantrópicos que, inconscientemente, atenuamos esses desejos. Para o inconsciente não existe tempo nem espaço. Por isso o instinto de matar ou agredir só se manifesta quando perdemos o controle do consciente, levados pelo estresse excessivo ou por qualquer tipo de droga ou ainda por transtornos psíquicos. Para o inconsciente, que é primitivo, o importante é realizar e, para tanto, fará o que for necessário para atrair ou afastar de seu caminho quem ou o que o estiver bloqueando. Os homens santos sublimaram os desejos prejudiciais do inconsciente através da transformação física de seu cérebro. Exercitaram as partes cerebrais responsáveis pelas respostas subjetivas. Como resultado, após esses exercícios e mudanças comportamentais, processaram-se alterações no tamanho e na disposição dos sulcos do córtex cerebral, responsáveis pelas informações dos neurônios, aumentando a inteligência subjetiva. A revista Veja publicou, em 1999, matéria sobre a descoberta da distância dos sulcos no córtex cerebral do físico Albert Einstein, comprovando e comparando seu nível de inteligência objetiva com o de pessoas comuns.

O pensamento como medicina

Afirmo, entretanto, com plena convicção, que qualquer pessoa que se submeta a exercícios específicos, tais como mudanças de pensamentos e comportamentos, entoação de sons vocálicos – que atingem o sistema nervoso central -, relaxamento e trabalhos de concentração, acompanhados de leitura e estudos constantes, consegue a eliminação ou o bloqueio total das informações primatas dos neurônios, tornando-se livre das cobranças animalescas e capaz de alcançar níveis impressionantes de inteligência objetiva e subjetiva. O homem, consciente ou inconscientemente, está sempre em busca de suas origens. Alguns procuram sublimar-se através das profissões (como cirurgiões, artistas plásticos, pintores) ou como líderes religiosos, fazendo com que sua agressividade animal transforme-se em algo útil à sociedade. Outros não o fazem, racionalizando e lutando a vida inteira contra a morte, ora fugindo, ora enfrentando-a decididamente, provando força e coragem para si mesmos.

No diencéfalo está armazenado todo o conhecimento primordio da comunicação e toda a simbologia desenvolvida pela necessidade de o ser vivo se fazer entender. No passado distante, quando éramos apenas animais, a expressão do inconsciente era clara e natural, pois não existiam valores conscientes que o pudessem frear. Não havia restrições aos atos, a lei era a de eliminar para sobreviver. Mais tarde o próprio primata, em processo natural de evolução, passou a reprimir e recalcar seus impulsos primitivos para que a humanidade não se extinguisse e pudesse viver em comunidade, procriando e preservando a espécie. Contudo, não evoluímos para a compreensão das vantagens de nos reprimir, o que nos causa sensações desagradáveis como angústias, tristezas, carências e sentimentos de controle. Para não perdermos esses impulsos primitivos, achamos uma forma de comunicação como válvula de escape: as doenças e os acidentes.
Através da doença, o inconsciente tenta se comunicar com o mundo e mostrar seus verdadeiros sentimentos reprimidos: a ira, o medo, a culpa, o ressentimento relacionado a alguém ou a alguma situação imposta pela sociedade. Conforme explicado anteriormente, o cérebro mantém arquivada toda a simbologia do corpo, baseada na própria função dos órgãos e membros. Cada órgão interno ou externo, membros ou superfícies, estão diretamente ligados às emoções mais primitivas do nosso ser. Logo, a parte do corpo afetada está se comunicando e cabe a nós entender sua linguagem, despendendo esforços para corrigir ou amenizar o que ficou pendente, de alguma forma, no passado e em nosso dia-a-dia. O mecanismo do inconsciente primitivo possui sua própria lógica e é objetivo, de nada adianta suborná-lo com remédios ou tentar ignorá-lo.
Enquanto não se desenvolverem as regiões cerebrais responsáveis pela subjetividade através da evolução espiritual, nossa mente estará sempre lutando contra a memória primata que nos impulsiona para os desejos animalescos, ou até para a própria eliminação.
Entretanto, se houver compreensão desse fato e passarmos a elevar os nossos sentimentos, buscando administrar melhor o nosso ego, então tudo que escolhermos fazer em nossa vida será para o nosso desenvolvimento interior e não mais para lutarmos contra a regressão.

Transcreverei aqui um dos conceitos do mestre literato e Ph.D Masaharu Tanigushi, que prova a força do pensamento sobre o corpo:

Quando pensamos mover a mão, a energia desse pensamento percorre o sistema nervoso, faz contrair determinados músculos e distender os do lado oposto, e dessa forma move a mão exatamente como pensamos. E qual será a natureza dessa energia que percorre o sistema nervoso? Supõe-se que ela seja uma espécie de corrente elétrica. Se assim for, podemos interpretar que os elétrons emitidos pelo pensamento é que percorrem o sistema nervoso. Durante o sono ocorrem variações nas ondas cerebrais da pessoa conforme o seu sonho, e há pessoas que registraram essas variações de corrente elétrica no eletroencef alograma.

O aparelho chamado cérebro pode ser considerado uma espécie de ciclotrón que produz elétrons. E o operador desse aparelho é algo misterioso que se chama pensamento. A energia que move os músculos percorrendo o sistema nervoso não deve naturalmente ser constituída apenas de elétrons, cuja existência é comprovada pela física. Acredita-se que outros tipos de partículas elementares muito mais sutis sejam produzidos segundo o pensamento. Seja como for, é indiscutível que uma parte da energia que se transmite através do sistema nervoso seja constituída de corrente de elétrons, pois por meio do galvanómetro pode-se comprovar que a corrente elétrica do corpo humano muda de intensidade conforme as variações emocionais. Por conseguinte, devemos dizer que o nosso cérebro, embutido na pequena caixa craniana, é um ciclotrón muito superior àquele montado pelo homem. Se o pensamento é capaz de combinar ou dissociar elétrons e outras partículas elementares a seu bel-prazer, é natural que ele seja capaz também de fazer aparecer no corpo tumores tanto malignos quanto benignos, ou desfazê-los. (A verdade da vida, São Paulo, Ed. Nippon Kyobunsha, 1963).

A filosofia oriental nos ensina que a saúde do corpo depende da harmonia que encontramos através da expansão da consciência, ou seja, da compreensão profunda de que os pensamentos geram o nosso destino. Não devemos manter em nosso coração emoções como a raiva, o medo, a tristeza ou outros sentimentos negativos, porque somos inteiramente responsáveis por tudo aquilo que criamos.
Se em cada acontecimento desagradável nos permitirmos sentir ou pensar negativamente, então jamais escaparemos dessa roda-viva que nós mesmos criamos. E importante manter a mente flexível e serena como antídoto contra os sentimentos regressos da origem.

“Se vos voltardes e sossegardes, sereis salvos; a vossa força estará na tranqüilidade e na confiança. Mas vós não quisestes; antes dissestes: ‘Não, sobre cavalos ligeiros cavalgaremos’; por isso mesmo serão mais ligeiros os vossos perseguidores.” (Isaías, 30.15,16)



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